O Banco Central quer dobrar a participação das cooperativas de crédito no sistema financeiro até 2022. Hoje o segmento representa 10% do setor e a meta é que a fatia aumente para 20%. Mas por quê? A resposta tem uma palavra: concentração.
Em 2019, os cinco maiores bancos do país detinham 81% dos ativos totais e acumulavam 83,7% do total das operações no país. Os dados são do mais recente Relatório de Economia Bancária, divulgado em junho do ano passado.
Novas regras ainda em fase de aprovação permitirão que as cooperativas de crédito tenham associados de qualquer lugar do país – hoje há restrições relativas à área de atuação da cooperativa. As exigências serão apenas que prestem efetivamente os serviços ao cooperado e atendam por meio virtual.
Com as mudanças em curso, o cooperado de uma instituição também poderá tomar crédito em outra, caso a sua cooperativa não disponha do volume suficiente de recursos. Isso abrirá caminho para que empresas maiores passem a operar com cooperativas de crédito.
Com isso, o cooperativismo de crédito brasileiro tende a se expandir mais. Em 2015, o setor detinha uma participação de 5,9% no sistema financeiro. Em setembro de 2020 a fatia cresceu para 10%. Com maior capilaridade, as cooperativas atuam como reguladoras de preços no mercado, evitando que as taxas sejam precificadas apenas pelos bancos maiores.
Além disso, impulsionam a economia local, pois os recursos de uma cooperativa de crédito são reinvestidos na região, retroalimentando a cadeia produtiva. Uma pesquisa divulgada em 2020 pelo Sicredi em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) cruzou dados dos municípios brasileiros com e sem cooperativas de crédito.
Resultado: onde tem cooperativismo forte, o PIB per capita é 5,6% maior, são criadas 6,2% mais vagas de trabalho formal e abrem 15,7% mais estabelecimentos comerciais. Ou seja, as cooperativas estimulam o empreendedorismo local.
Para quem é cooperado também há vantagens. A principal é a possibilidade de participar das decisões – pois o cooperado é o dono de uma cooperativa –, mas existem outros benefícios como as taxas atraentes e o retorno das sobras do exercício, já que a cooperativa não tem fim lucrativo. O sistema financeiro do país só tem a ganhar abrindo mais espaço para o cooperativismo. Fonte: ND