O STF está prestes a derrubar até 8 regras da Reforma da Previdência, impactando milhões de brasileiros e gerando um impacto fiscal (Por Helena Serpa) – foto divulgação –
Desde sua implementação em 2019, a Reforma da Previdência foi alvo de debates e controvérsias, impactando significativamente o regime de aposentadoria e benefícios sociais no Brasil.
Agora, o Supremo Tribunal Federal (STF) está prestes a revisar até oito regras cruciais da reforma, com o potencial de afetar milhões de brasileiros e gerar um impacto fiscal de aproximadamente R$ 132,6 bilhões, de acordo com uma nota técnica da Advocacia-Geral da União (AGU).
Atualmente, existem 13 ações em tramitação no STF que questionam a constitucionalidade de diversos pontos da Reforma da Previdência. Embora o julgamento tenha sido suspenso em junho de 2024 após um pedido de vista do ministro Gilmar Mendes, a maioria dos ministros já formou um consenso para derrubar alguns dos principais trechos da reforma.
Essa decisão pode resultar em reveses financeiros expressivos para o governo federal, especialmente no que tange ao Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), que administra a aposentadoria dos servidores públicos.
O STF já sinalizou que, ao menos em dois pontos, a União não poderá acionar gatilhos que visam reduzir o déficit atuarial do RPPS, estimado em R$ 126,5 bilhões. Além disso, outro ponto da reforma que cria alíquotas diferenciadas para as contribuições previdenciárias de mulheres no serviço público e no regime geral também está em xeque, o que pode gerar um risco fiscal de R$ 6,1 bilhões.
Impacto Fiscal e o Futuro da Reforma da Previdência
Os especialistas alertam que, com o crescente déficit nas contas públicas, a derrubada de algumas dessas regras pode aprofundar ainda mais o rombo previdenciário. Segundo estimativas da AGU, as ações que tramitam no STF podem gerar um déficit atuarial total de R$ 497,9 bilhões no RPPS, o que levaria o governo a enfrentar novos desafios para financiar as aposentadorias dos servidores.
Ainda que o STF tenha poder para invalidar trechos da reforma, economistas e analistas defendem que o debate sobre a sustentabilidade fiscal do regime previdenciário é crucial para o futuro econômico do Brasil. Heldo Siqueira Júnior, economista especializado em políticas públicas, argumenta que o STF está cumprindo seu papel ao proteger os direitos sociais, mas reconhece que o sistema previdenciário precisa de ajustes.
As Oito Regras em Análise no STF
A Reforma da Previdência trouxe a progressividade, variando entre 7,5% e 22%, de acordo com o salário do servidor. A votação no STF está empatada, e uma decisão final pode alterar a forma como essa contribuição é calculada.
Outro ponto de destaque é a ampliação da base de cálculo de aposentados e pensionistas, caso haja déficit no regime dos servidores. Atualmente, os aposentados que recebem acima de um salário mínimo estão sujeitos a uma contribuição extra. A maioria dos ministros já se posicionou contra essa regra.
A reforma permite a imposição de uma contribuição extraordinária aos servidores públicos em caso de déficit atuarial. Esse ponto também já conta com maioria no STF para ser derrubado, o que pode reduzir a capacidade do governo de ajustar as contas previdenciárias.
As regras de transição são essenciais para garantir que aqueles que já estavam no sistema previdenciário antes da reforma possam se adaptar às novas normas. Existem dois blocos de ações sobre esse tema, e em ambos os casos, o STF já formou maioria para manter as regras atuais, que incluem a exigência de idade mínima e um “pedágio” de 100% do tempo restante para aposentadoria.
A reforma também mudou o cálculo das aposentadorias, utilizando a média aritmética simples dos salários de contribuição ao longo da vida laboral. Além disso, proíbe a criação de novos regimes próprios de previdência. A maioria dos ministros já votou pela manutenção dessa regra.
Uma das ações questiona a diferença de tratamento entre mulheres do setor privado e servidoras públicas. Enquanto as mulheres do setor privado possuem regras de cálculo diferenciadas para a aposentadoria, as servidoras públicas não têm o mesmo benefício. O STF já formou maioria para derrubar essa diferenciação.
A reforma impôs restrições para a concessão de aposentadoria integral por incapacidade causada por doenças graves. A maioria dos ministros decidiu manter essa regra, impedindo que servidores públicos obtenham aposentadoria integral em casos de doenças contagiosas ou incuráveis.
Outro ponto polêmico é a revogação de uma regra que isentava aposentados com doenças incapacitantes de contribuírem sobre parcelas que superassem duas vezes o teto da Previdência Social. O STF já decidiu manter essa mudança.
A Multa do Fisco: Limitação a 100% do Débito
Além das discussões sobre a reforma da Previdência, o STF também decidiu recentemente limitar as multas fiscais por sonegação a 100% do débito tributário, uma mudança que impacta tanto a União quanto os estados e municípios.
Essa decisão, que antes permitia multas de até 150%, agora só autoriza essa penalidade mais alta em casos de reincidência.
Considerações finais
Diante dessas mudanças, o cenário previdenciário brasileiro está em constante transformação. O STF desempenha um papel crucial na definição das regras, mas o debate sobre a sustentabilidade da Previdência continua. Com um déficit crescente e uma população envelhecendo, o governo pode ser forçado a propor novas reformas no futuro.
Especialistas destacam a importância de equilibrar a proteção social com a responsabilidade fiscal. Por outro lado, sindicatos e organizações de trabalhadores continuam a lutar por uma Previdência mais justa e acessível, enquanto os olhos da população estão voltados para o STF e suas decisões. (Fonte: Seu Crédito Digital)
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