O real foi a moeda que mais perdeu valor nesta semana, em comparação com o dólar norte-americano. A queda de 2,1% é maior que a do peso argentino, por exemplo, que recuou 1,2%. Também supera a desvalorização do rublo russo, de 0,9% — mesmo que o país do Leste Europeu esteja em guerra.
Moedas de países como a China, a África do Sul e a Polônia também perderam valor diante do dólar. O peso colombiano e o peso chileno, em contrapartida, valorizaram-se ao longo da semana.
O desempenho negativo do real pode ser associado às declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre responsabilidade fiscal, independência do Banco Central e meta inflacionária. Os discursos se somam a propostas como a Emenda Constitucional da Gastança, que prevê o furo do teto de gastos em quase R$ 145 bilhões.
No curto prazo, a valorização do dólar pode impactar diretamente no preço dos combustíveis, área na qual o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem tido dificuldades em traçar uma linha de ação sobre um possível retorno dos impostos federais.
Em entrevista ao programa Oeste Sem Filtro, o economista Luís Artur Nogueira afirmou que “Lula não entendeu que, para ter ‘sucesso social’, precisa ter sucesso nas contas públicas”. O especialista disse ainda que, “em uma situação sem um Banco Central autônomo, as declarações ruins do presidente teriam feito o dólar passar de R$ 6”.
Nogueira argumentou, entre outras coisas, que o mercado se sentiria seguro em investir no Brasil caso houvesse uma regra fiscal “factível”, que substitua o teto constitucional de gastos. (Fonte: Revista Oeste).