Embora o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) tenha acumulado 8,4%, em 12 meses até novembro ano passado, o reajuste médio obtido pelos trabalhadores por meio de negociações coletivas foi de 6,5%, segundo o “Salariômetro” da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Ou seja, a maior parte dos reajustes não foi suficiente para cobrir a inflação média entre janeiro e novembro.
No ano passado, 51% das negociações salariais fechadas até novembro ficaram aquém da inflação, 30% empataram e 19% superaram.
A queda no rendimento médio dos trabalhadores ocupados também já havia sido captada por dados do IBGE. Em apenas um trimestre — encerrado em outubro de 2021 —, o recuo foi de 4,6%, ou R$ 117 a menos em relação ao recebido no trimestre encerrado em julho.
Em relação ao trimestre encerrado em outubro de 2020, a renda média encolheu 11,1% (R$ 307 a menos), para o piso histórico de R$ 2.449 mensais. Segundo o IBGE, há mais pessoas trabalhando, mas o salário está cada vez mais baixo, em função tanto da concorrência pelas vagas que surgem quanto pela inflação elevada que corrói o poder aquisitivo dos brasileiros que possuem algum tipo de remuneração.
As negociações no setor de serviços, com destaque para turismo e hospitalidade, são as que encontraram maiores dificuldades no ano passado para repor as perdas provocadas pela inflação, segundo o “Salariômetro”, da Fipe.
De 18 negociações salariais fechadas em novembro envolvendo bares, restaurantes, hotéis, similares e diversão e turismo, o reajuste mediano ficou 3,7% abaixo da inflação. No caso de lavanderias e tinturarias, por exemplo, essa defasagem foi ainda maior, de 4,1%.
Até mesmo os 14 acordos salariais fechados em novembro último no setor de agricultura, pecuária e serviços correlatos (segmentos que registraram crescimento econômico) tiveram reajuste mediano: 0,6% abaixo da inflação.
Com o desemprego elevado, o cenário de reajustes salariais fracos deve continuar ao longo do primeiro semestre deste ano por conta da inflação em 12 meses ainda elevada e da desocupação em alta. (Fonte: Extra).