Aproveitando uma brecha na legislação local, que permite que empresas paguem até 20% dos salários em criptomoedas, a Argentina assumiu a liderança em um ranking de 150 países com empregados pagos com criptoativos. Muitas vezes, os próprios trabalhadores pedem para ser pagos com dinheiro digital, para se esquivar dos controles cambiais do país, das flutuações do câmbio e de uma inflação que atinge os 50%.
É a soma desses fatores que faz com que o país platino tenha uma parcela maior de salários pagos em criptomoedas, afirma a Deel, uma startup americana especializada em intermediação e gestão remota de folhas de pagamento que atua em mais de 150 países.
De acordo com a Bloomberg News, o número de empresas que pagam salários em criptos saltou 340% nos últimos 12 meses. Falando à publicação, o gestor da bolsa mexicana de criptomoedas Bitso, Andrés Ondarra, afirmou que “algumas empresas infringem regras e ultrapassam o limite de 20% do salário pago em espécie”.
Dentro da atual conjuntura econômica da Argentina, os trabalhadores preferem receber seus salários em moedas digitais para driblarem os controles cambiais impostos ao país. Por exemplo, se uma empresa pagar um salário de US$ 1 mil ao seu funcionário através de crédito em conta, ele receberá o equivalente a 110 mil pesos (ao câmbio de hoje). Mas, se o pagamento for em criptomoedas, o valor pode chegar a 200 mil pesos no câmbio paralelo.
Embora a medida esteja se popularizando entre a classe trabalhadora, com reflexos em vários setores da economia do país, o Banco Central da Argentina não anda satisfeito com o avanço da moeda digital.
Como um dos pilares do acordo de US$ 45 bilhões assinado neste mês com o FMI é justamente “desencorajar o uso de criptomoedas“, o órgão regulador da política monetária divulgou um alerta aos argentinos sobre a vulnerabilidade de seus criptoativos a ataques cibernéticos. (Fonte : TecMundo)