O crescimento ou a manutenção de margens atrativas entre as construtoras de baixa renda listadas na Bolsa vai passar, necessariamente, daqui para frente, pelas novas regras, que devem ser anunciadas pelo Governo, do remodelado programa Minha Casa Minha Vida (MCMV).
Até perder tração nos últimos governos, o MCMV era uma grande fonte de receita para as companhias que atuam neste nicho. Tanto que os executivos de MRV (MRVE3), Direcional (DIRR3) e Tenda (TEND3) traçaram perspectivas positivas em relação ao novo modelo a ser apresentado.
Para Rafael Menin, co-CEO da MRV, a expectativa do setor é pelo reajuste do teto dos subsídios para as construções destinadas à baixa renda. Isso, segundo ele, seria um “vento de cauda na recuperação operacional da companhia”, atordoada em recuperar as margens históricas perdidas de 2021 para cá.
Eduardo Fischer, co-CEO da MRV, disse apostar em novidades relacionadas ao MCMV ainda neste mês, enquanto Rodrigo Osmo, CEO da Tenda, prevê para junho a apresentação dos novos parâmetros para o programa.
MCMV: Ampliação das margens
Em relatório, o Santander destacou que o governo recém anunciou os novos membros do Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço do FGTS, o que deverá agilizar, por parte do Ministério das Cidades, a apresentação de propostas para melhorar os parâmetros de acessibilidade do MCMV.
Conforme os analistas, o pacote será votado, provavelmente, na próxima reunião do conselho, em 7 de junho, com medidas que podem “potencialmente levar a uma aceleração nos índices de vendas sobre oferta e/ou permitir que as margens brutas das empresas se aproximem ainda mais dos níveis pré-pandemia”.
Para Fanny Oreng, Antonio Castrucci e Matheus Melon, entre os principais pontos esperados estão o aumento do número de famílias atendidas pelo programa, com renda de até R$ 2,6 mil ao mês, elevando o valor dos subsídios máximos.
Outro itens esperado é o do aumento dos preços máximos das unidades enquadradas no MCMV.
Julgamento STF
No entanto, o setor demonstra preocupação com uma possível mudança do índice de remuneração do FGTS, que afetaria contratos habitacionais feitos no âmbito do programa, em discussão no Supremo Tribunal Federal (STF). Essa ação, inclusive, vem travando a apresentação do pacote.
Ricardo Gontijo, CEO da Direcional, avalia que a mudança na correção do índice de reajuste impactaria de forma relevante os mutuários de baixa renda do Minha Casa Minha Vida.
“Apesar da grande incerteza em torno do julgamento do STF, vemos como positivo o fato de o governo continuar discutindo formas de aprimorar o programa, com novas propostas e formatos”, destacam os analistas do Bradesco BBI, Bruno Mendonça, Pedro Lobato e Herman Lee.
Para os especialistas do BBI, o Grupo 1 do MCMV deve ser o foco do governo na agenda habitacional, mesmo que isso não seja exatamente o ponto crucial das companhias de capital aberto. (Fonte : Infomoney).