Segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT), Goiás é o estado que mais tem trabalhadores resgatados em condição análoga à escravidão até o momento em 2023. De acordo com o auditor-fiscal do órgão, Roberto Mendes, foram realizadas quatro operações e atendidas mais de cinquenta denúncias, onde foram resgatados exatos 372 trabalhadores.
Mesmo depois de 135 anos da assinatura da Lei Áurea completados neste sábado (13), casos de trabalhadores em situação análoga à escravidão são recorrentes não só no estado de Goiás, mas no Brasil inteiro. De acordo com o auditor-fiscal, o número alto de trabalhadores resgatados vem da atuação intensa dos seis órgãos responsáveis pelas operações, sendo eles o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público Federal (MPF), Defensoria Pública da União (DPU), Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Até o momento, a maior operação aconteceu no dia 17 de março deste ano, nela foram resgatados 212 trabalhadores que prestavam serviços a usinas de álcool e produtores de cana de açúcar que atuavam nos municípios Itumbiara, Edéia e Cachoeira Dourada, no sul de Goiás. Durante os três dias de operação, os trabalhadores foram encontrados em diferentes locais, como nas lavouras em que atuavam e nos alojamentos.
De acordo com o Ministério do Trabalho, entre as muitas irregularidades encontradas pela fiscalização, havia a cobrança pelos aluguéis dos barracos usados como alojamentos, o não fornecimento de alimentação e cobrança pelo fornecimento de ferramentas de trabalho pelos empregadores. Os abrigos não tinham cozinha, ventilação ou chuveiros e alguns funcionários pagavam pelos próprios colchões ou dormiam em redes e no chão.
Na época do resgate, um dos trabalhadores afirmou que achava que iam pagar as contas para todos eles e consequentemente o salário. “A maioria dos trabalhadores resgatados veio do Maranhão, Piauí e Rio Grande do Norte. Sempre que eles são resgatados, todos eles estão em condições precárias”, explicou Roberto Mendes.
Outra grande operação aconteceu em Acreúna e Quirinópolis, segundo o órgão. De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), das 152 pessoas resgatadas em Acreúna, 139 trabalhavam em uma usina de cana-de-açúcar e outras 13, em uma fábrica de ração. Já em Quirinópolis, a operação resgatou um idoso de 67 anos que trabalhava como caseiro.
Segundo relatou o auditor-fiscal ao chegarem em Acreúna, as pessoas eram colocadas para trabalhar e eram obrigadas a pagar pela alimentação, quando recebiam, e ainda tinham os valores das passagens de ônibus, além de outros valores indevidos, descontados do salário. Tudo isso, segundo o MTE, sem que os direitos trabalhistas fossem pagos. (Fonte: G1).