O setor financeiro é um dos mais visados pelos criminosos cibernéticos no Brasil, mesmo com os investimentos pesados feitos em tecnologia e segurança. A situação complicou a partir do aumento dos chamados neobanks – bancos que já nascem 100% digitais e oferecem serviços tradicionais de forma rápida e online – surgiu uma nova preocupação de cibersegurança. A cada novo banco digital que surge, aumentam os riscos de ataques cibernéticos e criminosos ficam cada vez mais experientes.
Como os bancos digitais oferecem taxas mais atrativas ao mesmo tempo em que disponibilizam aplicativos completos e intuitivos, a atração de novos clientes é facilitada. Isso porque eles ganham fácil acesso aos serviços e são atendidos de maneira rápida e simplificada para que haja a melhor experiência possível.
Porém, conforme diz o especialista em cibersegurança Andrew Martinez, baixos orçamentos para monitorar a segurança e medidas de proteção fracas proporcionam um aumento significativo dos níveis de exposição de bancos, contribuindo para os ataques cibernéticos.
Ele, que é CEO da HackerSec, uma fornecedora de soluções de cibersegurança, diz que, a cada nova tecnologia desenvolvida, uma nova fragilidade surge e, em algum momento, é utilizada por cibercriminosos para invadir sistemas, roubar ou sequestrar dados confidenciais.
“Os ataques cibernéticos são capazes de gerar prejuízos incalculáveis para as instituições bancárias, sobretudo os ransomware que podem interromper toda a operação. Para operar como banco digital, é imprescindível investir em cibersegurança, por meio de ferramentas eficazes e profissionais qualificados”, afirma Andrew.
Segundo uma pesquisa da ISH Tecnologia, a média mensal de ataques a companhias brasileiras hoje é de 13 mil, sendo que 57% são do tipo ransomware, isto é, que pedem resgate em dinheiro às empresas para liberação dos dados, outro risco que os bancos correm. Além disso, outro relatório de cibersegurança, o Modern Bank Heists produzido pela empresa VMware Carbon Black entre fevereiro e abril de 2020, aponta que os ataques ao setor financeiro saltaram 238%. A pesquisa concluiu também que a maioria dos crimes não possuem como alvo principal os sistemas bancários, mas sim, o cliente.
“Fazer a governança da segurança de instituições financeiras é um grande desafio, por isso é uma obrigação legal das empresas ter planos de ação e medidas efetivas para antecipar e conter possíveis ameaças cibernéticas”, afirma Andrew.
De acordo com ele, o investimento em soluções de criptografia, além de garantir de forma eficiente a identificação positiva dos usuários, utilizando inclusive as próprias tecnologias disponíveis nos smartphones para fazer a integração com a biometria, tornaram-se indispensáveis. A cibersegurança moderna revolucionou a biometria após a chegada dos bancos digitais que, rapidamente, incorporaram a tecnologia como recurso.
Isso é importante visto que, segundo levantamento da Cantarino Brasileiro, 25% dos usuários de bancos digitais tem considerado a segurança como um item negativo. A mesma pesquisa ainda mostra que 44% da população brasileira tem conta em um banco digital e em um tradicional ao mesmo tempo.
Se ir ao guichê do banco para fazer depósitos ficou no passado e já é considerado algo impensado às novas gerações. A internet rompeu definitivamente as barreiras de tempo e localidade, conectando milhares de pessoas. Porém, somente em 2017, a Febraban constatou um aumento de 297% no volume de queixas sobre quebra de sigilo nas plataformas eletrônicas das instituições financeiras.
O investimento em campanhas de conscientização para os clientes, alertando-os dos cuidados necessários para proteger seus dados e evitar cair em golpes, é uma das opções mais utilizadas pelos bancos digitais, a fim de evitar as fraudes.
Para o CEO da HackerSec, é muito importante reforçar constantemente algumas orientações como não compartilhar dados pessoais em redes sociais, não informar dados pessoais por telefone, uma vez que os bancos nunca solicitam, sempre fazer logoff e evitar salvar as senhas automaticamente nos computadores e smartphones. “Quando a oferta parece boa demais para ser verdade, desconfie. Provavelmente, será algum golpe e isso vale para todos os tipos de produtos e serviços”, explica o executivo. (Fonte: Noticias concurso).