A explosão de casos positivos de Covid-19 e do vírus H3N2, da gripe Influenza, está levando empresas a reverem o retorno ao trabalho presencial, empresários a pedirem até redução dos horários de funcionamento dos shoppings, causando cancelamentos de vôos e problemas em hospitais, bares e restaurantes.
Neste domingo (9), apesar das falhas no sistema do Ministério da Saúde, em 24 horas o Brasil totalizou 23.504 mil casos de Covid-19. A média móvel de casos país chegou a 33.146, a maior registrada desde 23 de setembro do ano passado – quando esse índice chegou a 34.366
Desde o começo da pandemia, 620.031 pessoas morreram em razão de complicações geradas pela Covid-19 e outras 22.522.310 receberam diagnóstico positivo da doença
Desde dezembro, o número de casos de gripe provocados pelo vírus H3N2 vem atingindo números alarmantes e contribuindo para a superlotação de postos de saúde e hospitais.
Trabalho presencial afetado
Empresas de vários portes estão revendo os planos de retorno ao trabalho presencial. A lista inclui empresas de tecnologia, indústrias e até o setor público, dominado pelo negacionismo presidencial.
A Eletrobras, segundo o Estadão, anunciou na quinta-feira o retorno de todos os seus funcionários ao trabalho a distância após uma onda de infecções por Covid-19 entre os servidores. Segundo o Ministério de Minas e Energia, tem 36 trabalhadores da Eletrobras morreram de Covid desde 2020.
Empresários querem reduzir horário de atendimento em shoppings
A Associação Brasileira dos Lojistas Satélites (Ablos), que reúne redes de lojas como TNG, Gregory, Any Any, Morana e Khelf, vai pedir aos gestores dos shoppings para que reduzam os horários de abertura por algumas semanas.
O tempo menor de funcionamento, segundo afirmou ao Painel S/A, da Folha de S. Paulo o presidente da entidade, Mauro Francis, ajudaria os varejistas a lidar com o problema da falta de funcionários que receberam dispensa médica após contrair Covid ou gripe nos últimos dias. A proposta que tem sido discutida pelos lojistas seria a de encurtar o atendimento para apenas um turno neste momento de crise mais aguda do contágio.
Para Francis, a medida também seria oportuna porque permitiria redução nos custos neste momento em que o fluxo de clientes também está mais baixo. Ele afirma que não pretende pedir abatimento no aluguel.
Companhias aéreas cancelam vôos e contratam temporários
A Latam anunciou, neste domingo (9), que cancelou cerca de 1% de seus voos domésticos e internacionais – 47 até o momento – programados para o mês de janeiro. A causa é o aumento de casos de Covid-19 e de influenza por todo o país que está afetando pilotos e comissários.
Segundo comunicado, os clientes que tiveram o voo alterado podem remarcar a viagem sem multa e diferença tarifária ou solicitar o reembolso da passagem, também sem multa.
Já os passageiros que forem diagnosticados com Covid-19 podem remarcar o voo sem multa, mas pagará a diferença tarifária, caso haja. O cliente poderá viajar a partir de 14 dias após o diagnóstico da doença ou certificando que não está mais na fase de contágio.
A Azul Linhas Aéreas, que já havia anunciado que o percentual de voos cancelados dobrou desde quinta (6), disse por meio de nota na sexta que 10% do total de voos foram atingidos, o que equivale a 90 voos diários. A empresa decidiu contratar trabalhadores temporários para tentar manter alguns voos.
Bares e restaurantes
Desde dezembro, bares e restaurantes do país estão afastando em torno de 20% dos funcionários, toda semana, por suspeita de gripe ou Covid-19.
A informação é do presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci. Ele afirmou ao Painel S/A que a situação é pior nos grandes centros e nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e Pará.
A recomendação da Abrasel é para que o trabalhador que tenha qualquer sintoma de gripe ou resfriado não vá trabalhar. Nesse caso, diz Solmucci, os estabelecimentos precisam contratar funcionários temporários para se manter funcionando. Como o INSS não cobre afastamentos de poucos dias, como os geralmente associados à Covid-19 ou à gripe, o custo extra acaba ficando para os bares e restaurantes.
Profissionais de saúde contaminados
O presidente do Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP), James Santos, afirma que os hospitais deveriam aumentar as contratações para repor cortes de pessoal realizados no ano passado quando as estatísticas da pandemia melhoraram, antes da nova sobrecarga. Com o aumento de casos de Covid-19 entre os profissionais de saúde, os trabalhadores e trabalhadoras estão exaustos.
Mas, ao invés de contrartar mais trabalhadores, os donos de hospitais particulares querem reduzir o tempo de isolamento.
A Anahp (que reúne os grandes hospitais da rede particular) decidiu pedir ao Ministério da Saúde uma redução no tempo de isolamento dos profissionais afastados, mas o presidente do Coren-SP afirma que a medida não soluciona o problema da falta de mão de obra. “Não vai melhorar em nada o atendimento à população e, muito menos, a condição de trabalho dos profissionais. Pelo contrário, vai prejudicar. Vai ter um profissional ainda em período de convalescença, com risco aumentado à sua saúde, voltando mais cedo ao trabalho e com o aumento da demanda”, diz Santos.
A entidade diz que vai enviar nota ao Ministério da Saúde para contestar a iniciativa da Anahp. (Fonte: JP News).