Os lucros das estatais brasileiras dispararam em 2022, levando as empresas de capital aberto controladas pelo governo a distribuir um montante recorde de dividendos no ano passado. Um levantamento feito pelo head comercial da TradeMap, Einar Rivero, mostra que, somente nos três primeiros trimestres de 2022, as cifras superaram as marcas dos anos anteriores, com destaque para a Petrobras.
Até setembro, foram pagos R$ 188,6 bilhões em dividendos da Petrobras, Banco do Brasil, BB Seguridade, Caixa Seguridade, Banco da Amazônia e Banco Nord Brasil. Caso o montante pago pela Eletrobras — privatizada por meio de uma capitalização no ano passado — fosse considerado, o total subiria para R$ 189,5 bilhões.
Em 2021, todas essas empresas pagaram juntas menos da metade disso: R$ 87,9 bilhões. Em 2020, a quantia foi ainda menor, somente R$ 22,9 bilhões pagos a acionistas, entre eles o governo federal.
A expectativa é que, com a divulgação dos balanços do quarto trimestre de 2022, os dividendos pagos no exercício do ano passado superem R$ 200 bilhões.
Pedro Galdi, analista da Mirae Asset, diz que o desempenho se deve aos fortes resultados no ano passado, particularmente o da Petrobras. O lucro líquido das estatais foi de R$ 175,5 bilhões contra R$ 134,4 bilhões no mesmo período anterior.
Além de ter se beneficiado com a alta do petróleo provocada pela guerra na Ucrânia, a Petrobras teve bons resultados por acertos na gestão, avalia Galdi:
— A Petrobras conseguiu, por meio dos desinvestimentos de ativos que não davam mais resultados interessantes, aumentar o seu caixa. Além disso, 70% do petróleo produzido foi por meio do pré-sal, que tem custo muito baixo e é lucrativo.
Apesar de a companhia ter sofrido alterações no seu comando diversas vezes recentemente, Galdi avalia que a manutenção da política de preços com paridade internacional até o fim do governo de Jair Bolsonaro, apesar das tentativas de intervenção, demonstrou que a empresa está blindada contra ingerência política e tem boa governança.
Fernando Siqueira, head de Research da Guide, diz que tanto Banco do Brasil, quanto Petrobras optaram por pagar dividendos maiores em vez de destinar o dinheiro para investimentos.
— O mundo está usando cada vez menos petróleo por preocupações ambientais. Então, a maioria das empresas desse setor no mundo não está investindo para aumentar a produção. A Petrobras segue o mesmo caminho — explica. — Já o Banco do Brasil não tem necessidade de fazer investimentos. O banco também melhorou eficiência e conseguiu reduzir custos.
O BB ainda se beneficiou, segundo Galdi, dos bons ventos no setor agrícola, que compõe a maior parte de seus clientes no crédito corporativo. Exportando mais, as empresas do agronegócio buscaram mais recursos no banco estatal.
Fonte: O Globo
Notícias: FEEB-SC