A tentativa de se chegar a um acordo sobre o teto dos juros do cartão de crédito foi mais uma vez frustrada na noite desta terça-feira (7) em São Paulo.
Uma reunião convocada pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, com 17 entidades que representam setores comerciais, a indústria de cartões e a Febraban, terminou novamente sem consenso.
O Banco Central permanece rodando o seu banco de dados para tentar mostrar os impactos do parcelamento sem juros sobre a inadimplência e a taxa cobrada pelos bancos. Mas tem até 31 de dezembro, quando termina o prazo estipulado pelo Congresso, para mostrar os resultados.
Enquanto isso, o impasse entre empresas de cartão de crédito e segmentos de varejo, de um lado, e bancos, de outro, permanece. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, três estudos foram apresentados, pela Abecs, Abranet e Abipag, mostrando que existe correlação negativa entre o parcelamento sem juros e a inadimplência. Ou seja, essa não seria a causa para os juros altos.
– Do meu ponto de vista, a discussão sobre o limite do parcelamento sem juros esfriou, com os estudos que foram apresentados. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ficou de cruzar os dados apresentados com os do próprio BC. Ele disse que estão olhando para uma base muito mais ampliada, mas que, preliminarmente os estudos vão na mesma direção, com uma correlação neutra – afirmou Solmucci.
Já a Febraban continua defendendo a proposta de limitar o parcelamento a seis vezes, como forma de permitir a queda das taxas. Os bancos dizem que o parcelado sem juros é um dos fatores para os juros elevados do rotativo do cartão.
O argumento é que o prolongamento no pagamento das compras aumenta o risco de crédito para as instituições financeiras (considerando o potencial dos consumidores não cumprirem com seus compromissos). A consequência são juros mais elevados.
O Banco Central, por sua vez, não comenta estudos que não estão concluídos e interlocutores do Banco dizem que ainda é cedo para descartar ou manter qualquer proposta.
Segundo Solmucci, ainda não foi marcada uma nova reunião, o que indica que o impasse continua. Caso não haja acordo, o projeto de lei aprovado no Congresso estabelece que os juros serão limitados a 100%. (Fonte: Folha).