Apesar de poder acontecer em todas as profissões, a Síndrome de Burnout é um problema constante entre os bancários. Porém, foi após o surgimento da pandemia da Covid-19 que o número de trabalhadores nos bancos com a síndrome de Burnout aumentou drasticamente.
Quem permaneceu trabalhando em um serviço considerado essencial teve que lidar com o medo de se contaminar. E quem passou para o teletrabalho sofria a pressão para estar conectado além da sua jornada, muitas horas por dia.
O estado de emergência passou, todos retornaram ao modelo presencial, mas a pressão por resultados e assédio moral não diminuíram. Diversos sindicatos regionais dos bancários têm se manifestado sobre o tema, de modo a incentivar que os profissionais cuidem da saúde.
A Síndrome de Burnout (em inglês, esgotamento), também chamada de Síndrome do Desgaste Profissional, é um distúrbio emocional de caráter depressivo, caracterizado por exaustão física, emocional e mental, causadas por condições de trabalho desgastantes, ou que demandam muita responsabilidade e competitividade.
O que causa Burnout em bancários?
A maioria das profissões formais trabalha oito horas por dia. Os bancários tem a jornada reduzida para seis horas, e isso não é sem razão.
O trabalho bancário exige muita atenção, e gera uma carga enorme de tensão nos trabalhadores, que acabam se esgotando muito mais.
Porém, é comum ver bancários trabalhando por 10 horas, ou mais, por dia.
Isso gera um grande problema na saúde dos bancários.
Afinal, não é atoa que a lei determina a redução da carga horária dos funcionários de bancos.
Aqui podemos ver um processo trabalhista de um bancário que, do dia 1º ao dia 10, trabalhava das 8h às 21h. Nos demais dias do mês, ele trabalhava das 8h às 19h30min. Isso com apenas 30 minutos de intervalo.
No laudo do perito (médico psiquiatra), ele constatou que o autor:
Casos assim são bem comuns. Pessoas que fazem várias horas extras por dia, durante vários anos. Neste caso, felizmente, o TST (Tribunal Superior do Trabalho) reconheceu o dano causado, e o banco pagou uma indenização ao trabalhador.
O desvio de função acontece quando um trabalhador exerce uma função diferente daquela para a qual foi contratado, sem concordar com isso ou ter acrescentado em seu contrato.
Já o acúmulo de função ocorre quando um funcionário recebe a incumbência de efetuar mais funções do que aquelas registradas em seu contrato. Isso precisa acontecer de maneira habitual, ou seja, com frequência.
Para quem passa por isso, é comum o sentimento de nunca ser o suficiente. Juntando com a sobrecarga de trabalho, temos fatores que contribuem grandemente para o esgotamento, causando a Síndrome de Burnout.
É natural que o trabalhador anseie sentir a satisfação de executar uma tarefa, e ser reconhecido por aquilo.
Trabalhar duro e nunca ser reconhecido causa muita frustração, e pode prejudicar a saúde.
Em todo emprego privado, o medo de demissão é relativamente normal, mas quando a própria empresa incentiva esta mentalidade, de maneira permanente e proposital, aí tem coisa errada. Esse medo passa a ser um instrumento de opressão.
“Lá fora tem um monte de gente querendo sua vaga!” é uma das frases típicas usadas por assediadores. Viver nessa “corda bamba” é um dos motivos mais recorrentes que leva os bancários ao Burnout.
O banco tem todo o direito de exigir que o funcionário alcance metas.
O que não pode acontecer é a cobrança excessiva, que custa a saúde mental de quem a recebe.
Uma coisa é um gerente dizer que é importante cumprir as metas, procurar formas de alcançá-las, entre outras ações.
Outra coisa totalmente diferente é ele ligar, mandar e-mail, e ir na mesa do funcionário de maneira repetida e constante para saber se já vendeu mais um produto.
Exigir o cumprimento das metas ameaçando demissão também é assédio moral.
Isso também gera muito estresse no indivíduo e no ambiente como um todo.
Se as metas forem inalcançáveis, o bancário vai ser obrigado a trabalhar sempre no extremo. Isso leva ao adoecimento mental e físico.
Portanto, além de cobrar o cumprimento das metas de forma neutra e saudável, os bancos não podem exigir metas abusivas e impossíveis.
Aqui também entram o assédio moral e sexual, intimidações e várias formas de abuso de poder.
Estas violências não levam apenas ao burnout, mas também podem causar transtornos de ansiedade, depressão e, dependendo da situação, até mesmo um estado de estresse pós-traumático.
Existe o caso de uma funcionária de um grande banco privado do país, que sofreu perseguição, após rejeitar as investidas sexuais de seu gerente
resultado foi um diagnóstico de Síndrome de Burnout, com direito a uma indenização de R$ 200.000,00
Se você está trabalhando em um banco que te expõe a situações como as expostas acima, o primeiro passo é tentar conversar e resolver internamente.
Veja se tem abertura para conversar com seus superiores, ou os superiores destes.
Recorra a ouvidoria interna e a programas direcionados ao bem estar dos funcionários, quando existirem.
Caso perceba que nada disso vai adiantar, precisará considerar se vale a pena continuar em um emprego que exaure a sua saúde física e emocional.
Você não pode entrar na Justiça sem nenhum documento técnico, de um médico especialista, que comprove sua doença.
O tratamento adequado para o Burnout não só vai te ajudar a sair dessa, como vai te trazer provas, para que você responsabilize a empresa pelo que aconteceu.
Portanto, invista no seu tratamento e guarde toda sua documentação médica.
Peça ao seu psicólogo que emita pareceres sobre o seu estado mental. Em relação ao seu psiquiatra, guarde:
Isso também serve para os laudos do INSS. Se você se afastar, você precisa levar esses laudos para a Justiça do Trabalho.
Fonte : Notícias concursos
Notícias: FEEB-SC