O cerco policial elevou a tensão no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo no Natal de 1961, quando mais de 1.300 pessoas foram presas. No ano seguinte, o movimento sindical voltou à carga e convocou uma nova greve geral, que culminou com o que hoje conhecemos como 13º salário, sancionado pelo então presidente João Goulart (1919-1976), filiado ao Partido Trabalhista Brasileiro, e que seria deposto pelo golpe militar dois anos depois.
Na época dessa conquista histórica, o jornal O Globo estampou em suas páginas a seguinte manchete: “Considerado desastroso para o país um 13º mês de salário”. Todavia, o que a realidade brasileira revela é que, mesmo esse direito garantido desde então, não tem suprido as necessidades básicas da população.
“O dinheiro do 13º não dá pra investir em nada, é só pra comer mesmo. Pra sobreviver e mal. É tão pouco que não dá pra fazer nada”, afirma o motorista Jorge Cosme, de 68 anos, para quem a solução seria “aumentar o salário mínimo e baixar a inflação”. “Tudo dobrou de preço, falam que a inflação baixou, mas a gente não consegue ver isso”, reclama. A percepção é semelhante à do açougueiro Eduardo da Silva, de 48 anos.
“O salário é muito pouco. Falta salário e sobra conta. Pelo andar da carruagem, está difícil a gente ter alguma melhora de vida”, opina Eduardo. Motoqueiro, Wellington Silva, de 38 anos, vai na mesma linha e cobra os políticos. “Meu 13º vai ser só pra pagar dívida e ainda vai faltar. O salário é só pra pagar conta, não dá pra nada. Com esses políticos que entram só para roubar, é daí para pior mesmo”, desabafa. (Fonte: O tempo).