No atual contexto corporativo, onde a produtividade e a criatividade são recursos extremamente valiosos, garantir a satisfação dos funcionários tem se mostrado um fator competitivo relevante. Para Juliana Rodermel, especialista em felicidade e saúde mental no trabalho, esse sentimento de bem-estar não se trata de um luxo, mas de um elemento essencial para o engajamento e a produtividade.
“O bem-estar emocional dos colaboradores deve ser tratado como uma prioridade estratégica, pois empresas que cuidam de seus times veem resultados em inovação, engajamento e retenção. Quando os trabalhadores estão felizes e mentalmente saudáveis, isso reflete em um desempenho mais sustentável e lucrativo”, afirma Rodermel.
De acordo com Simone Nascimento, médica e consultora de saúde mental, a felicidade corporativa depende tanto das empresas quanto dos colaboradores. Ela afirma que cabe às empresas, além de ofertar condições financeiramente compensadoras, oferecer um clima organizacional que promova a criatividade, que tenha muito claras as expectativas em relação ao trabalho e, sobretudo, que promova segurança psicológica.
Rodermel acrescenta que a criação de espaços no trabalho onde os funcionários se sintam ouvidos e valorizados corrobora na construção de um ambiente mais equilibrado emocionalmente. “É fundamental investir em lideranças empáticas, incentivar a prática de pausas regenerativas e promover a conexão genuína entre as equipes. Outro ponto importante é oferecer suporte à saúde mental, como espaços de escuta e iniciativas que incentivem o equilíbrio entre vida pessoal e profissional”, afirma.
Já no caso dos colaboradores, Nascimento destaca a importância do autoconhecimento. “A inteligência emocional, que é a autogestão e o autoconhecimento, ajuda-nos a entender aonde nos cabe e também a lidar com as situações de reverso, porque a felicidade no trabalho e na vida não é só não é sobre não ter problemas ou sobre não se aborrecer ou se estressar. Isso é inerente à existência humana”, diz.
Um estudo conduzido pela consultoria Gallup mostra que o Brasil está na quarta posição entre as nações da América Latina com o maior número de trabalhadores infelizes ou estressados. Conforme os dados, 25% dos profissionais brasileiros se sentem tristes diariamente. O país fica atrás apenas de Bolívia (32%), El Salvador (26%) e Jamaica (26%). Além disso, 18% dos brasileiros relatam vivenciar raiva todos os dias. Ao todo, foram entrevistados 128 mil profissionais em mais de 160 países.
A pesquisa também revela que o Brasil ocupa o sétimo lugar na lista dos países mais estressados da região, com 46% dos trabalhadores enfrentando estresse diariamente. A Bolívia lidera essa estatística com 55%, enquanto Paraguai (34%) e Jamaica (35%) apresentam as menores taxas de estresse entre os profissionais.
Outro aspecto relevante do levantamento é a influência da gestão no bem-estar dos colaboradores — 41% dizem sentir “muito estresse”. Funcionários que operam sob uma liderança deficiente têm 60% mais probabilidade de vivenciar altos níveis de estresse. O relatório da Gallup ressalta que elevados níveis de estresse e sentimentos negativos geram perdas significativas na produtividade. Estimam-se que esses problemas resultem em um prejuízo global de US$ 8,9 trilhões anualmente, o que representa 9% do PIB mundial. (Fonte: Correio Brasiliense).