Grandes bancos como Bradesco, Itaú e Santander protocolaram na última quarta-feira (6) um pedido de liminar no Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) para que a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) tire do ar um comercial que defende o parcelamento sem juros no cartão de crédito.
O vídeo publicitário chama a atenção de maneira clara para a intenção dos bancos de acabar com a competitividade das compras parceladas sem juros no Brasil. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou durante uma audiência no Senado Federal que a alta taxa de juros do chamado “crédito rotativo” é uma das maiores causas de endividamento no país.
Campos Neto sugere que esse cenário de inadimplência entre os brasileiros pode ser reflexo do parcelamento sem juros, no entanto, a Abrasel vai à contramão dessa fala defendendo a modalidade. A entidade acredita que as alterações no parcelamento trariam perdas para os cidadãos, para o setor de comércio e serviços e para o Brasil.
Segundo dados da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) as compras parceladas sem juros somam totalizam mais de 75% do total gasto com cartão de crédito no país, destacando a popularidade entre os consumidores. A Febraban, no entanto, afirma não haver interesse dos bancos em acabar com esse tipo de parcelamento.
“Nenhum dos modelos em discussão pressupõe uma ruptura do produto e de como ele se financia.”, destaca a Federação Brasileira dos Bancos em nota. Clientes e outras instituições ligadas ao varejo nacional subiram nas redes sociais a seguinte campanha “#naomexanoparceladosemjuros” buscando impedir possíveis mudanças nesse mercado.
No começo do mês, o Conar deferiu um pedido da Febraban barrando a exibição de um comercial da Associação Brasileira de Internet (Abranet) sobre o parcelamento sem juros. Na ocasião, o presidente do Conar, Sergio Pompilo, orientou que ambas as instituições representativas entrassem em um acordo referente ao tema.
“No próprio pedido ao Conar os bancos reconhecem que entregaram estudo ao governo apontando necessidade de mexer no parcelado sem juros. Para isso usam eufemismos, como redesenho ou remodelagem. Ora, basta ver na imprensa centenas de reportagens sobre a verdadeira intenção dos bancos: aleijar, acabar com a competitividade desse tipo de parcelamento. O que a Abrasel fez foi trazer este alerta para a sociedade de maneira clara e transparente, chamando para o debate”, afirma o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci. (Fonte: Tudo celular – Feeb SC).