Documentos obtidos com exclusividade pelo UOL mostram que a fraude contábil que provocou um rombo de R$ 40 bilhões nas Americanas era mencionada em relatórios e trocas de emails entre os bancos, a firma de auditoria KPMG e a própria varejista. Mensagens trocadas a partir de 2017 entre os bancos Itaú, Santander, ABC Brasil e as auditorias evidenciam que informações que revelavam a verdadeira saúde financeira da empresa vinham sendo sistematicamente ocultadas, indicando fraude.
Arquivos que citavam empréstimos tomados eram corrigidos em emails subsequentes, em que os valores relativos a esses financiamentos sumiam. Como não se sabia exatamente quanto as Americanas deviam, parecia que sua situação era muito melhor. No material acessado pela reportagem — mensagens, relatórios, comunicados, contratos de convênio com instituições financeiras e materiais de reuniões internas das Americanas —, um tipo específico de empréstimo é descrito: o risco sacado.
Nessa modalidade de crédito, o banco assume os débitos do varejista com seus fornecedores e a companhia passa a dever a instituição financeira. Essas operações, que foram muito usadas pelas Americanas nos últimos anos, não eram registradas devidamente nos balanços. Com isso, os prejuízos reais acumulados pela empresa eram ocultos. (Fonte: UOL).