Os recordes de lucros da Caixa Econômica Federal dos anos anteriores, frutos em grande parte da venda de ativos da empresa, proporcionou aos empregados uma boa PLR (Participação nos Lucros e Resultados). No entanto, ficou um sentimento nos bancários de que aqueles resultados eram “pedaços” da estatal que foram distribuídos aos empregados e que não fariam mais parte da geração direta de lucros da empresa no futuro e foi o que aconteceu.
Medidas eleitoreiras e PDD
O impacto de provisionamento de grandes valores para devedores duvidosos (PDD), para suprir medidas eleitoreiras do governo anterior do consignado absurdo do Auxílio Brasil, também afetou o balanço da empresa de 2022. O PDD da Caixa aumentou 41,5% em relação a 2021.
Entenda o que aconteceu
O principal fator que gerou insatisfação de boa parte dos empregados foi o pagamento bem menor que o esperado na segunda parcela da PLR. Para evitar o ocorrido quando a primeira parcela era calculada com base no lucro provisionado (houve um ano em que, na segunda parcela, o recebimento foi de R$ 200), a cláusula foi alterada para considerar, na primeira parcela, o lucro apenas do primeiro semestre.
No entanto a garantia de no mínimo uma remuneração base foi considerada no cálculo da primeira parcela. Mas, como o lucro obtido não foi o suficiente para honrar as regras estabelecidas pela Resolução nº 10 de 30/05/1995, do CCE-SEST (Conselho de Coordenação e Controle das Empresas Estatais, da Secretaria de Coordenação das Estatais), não foi possível a manutenção dessa garantia, e foi aplicado um redutor para todos os empregados.
Obs.: O parágrafo terceiro da Cláusula 12ª do Acordo Coletivo de Trabalho específico de PLR da Caixa prevê que: quanto maior a renda, maior o valor recebido na primeira parcela e, por isso, menor o valor recebido na segunda parcela.
Cálculos da PLR
Os cálculos para o pagamento da PLR são baseados nas regras do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), com os limites definidos pela Secretaria de Coordenação das Estatais (Sest).
Segundo a Caixa, cerca de 92% dos empregados receberão mais de R$ 4 mil nesta segunda parcela e o valor médio será de R$ 5.137. O total distribuído nas duas parcelas vai superar R$ 1,2 bilhão. Para que esses valores fossem distribuídos, a empresa precisou solicitar excepcionalidade à SEST, de 25% do valor dos dividendos para 75% a serem distribuídos.
Protesto dos sindicatos
Durante a reunião com a direção da Caixa, na última quinta-feira (23), o movimento sindical protestou contra a decisão do banco de exigir que 1.306 empregados devolvam valores da PLR recebidos antecipadamente.
Os sindicatos entendem que os bancários não têm culpa pela antecipação feita pelo banco. A empresa informou que a devolução poderá ser parcelada em até dez vezes.
Mais contratações
Os representantes dos empregados aproveitaram a oportunidade para entregar um manifesto em defesa da Caixa 100% pública e solicitaram que os indicadores da PLR Social sejam revisados. Além disso, os sindicalistas reforçaram a cobrança por novas contratações de empregados concursados.
Foram confirmadas reuniões de dois Grupos de Trabalho para tratar de assuntos de extrema relevância: O GT sobre caixas e tesoureiros se reunirá no dia 28 de março e o GT sobre condições de trabalho, no dia 4 de abril. Ainda será marcado o GT específico para tratar a questão da PLR. (Fonte: Seeb Rio).