Uma semana depois de o governo ter apresentado o projeto-piloto da semana de quatro dias de trabalho, que deverá arrancar no privado em junho de 2023, um inquérito organizado pela Coverflex revela que “mais de oito em cada 10 trabalhadores portugueses (86%) gostavam de reduzir a duração da semana de trabalho” para quatro dias.
A grande maioria dos trabalhadores está disponível para encurtar a jornada semanal de cinco para quatro dias, mas com diferenças quanto à carga horária. O estudo, publicado ontem, mostra que “62,1% dos inquiridos gostavam de experimentar trabalhar 40 horas semanais distribuídas apenas por quatro dias da semana”. Significaria aumentar a jornada diária máxima atual de oito para 10 horas, se considerarmos uma distribuição homogénea do peso laboral ao longo da semana. Apenas 23,9% dos trabalhadores que participaram no questionário preferem reduzir o horário semanal de 40 para 32 horas, o que permitiria manter as oito horas diárias, mesmo que isso implicasse um corte salarial. E só “14% dos inquiridos continua a preferir a solução habitual de 40 horas de trabalho semanais divididas por cinco dias”, conclui o mesmo estudo.
Quanto aos custos de energia ou telecomunicações associados ao teletrabalho ou ao regime misto, a maior parte das empresas (76,2%) continua a não oferecer qualquer tipo de ajuda, segundo estudo. Porém, esta percentagem revela uma melhoria face a 2021, quando 81,4% dos empregadores não pagavam qualquer despesa ao trabalhador.
É preciso ter em consideração que estes resultados decorrem de um inquérito realizado a 1438 trabalhadores, sobretudo entre os 25 e 34 anos, na área das Tecnologias de Informação e Desenvolvimento de Software, mais propícia para o trabalho misto ou remoto e com mais flexibilidade para se adaptar à semana laboral de quatro dias.
Quanto à localização do posto de trabalho, 47,1% dos inquiridos revelaram estar em regime híbrido, ou seja, uns dias em casa e outros na empresa. Contudo, “o regime presencial foi o que mais aumentou face aos resultados do ano passado, de 20,3% em 2021 para 29,5% este ano, refletindo o regresso das equipas a uma lógica mais assente na partilha de um espaço físico, num cenário de pós-confinamento e de retorno ao escritório”, de acordo com o inquérito que destaca Lisboa como o distrito com maior percentagem de participantes a trabalhar em regime híbrido (57,6%).
Considerando então as cerca de 20% de empresas que têm, no seu pacote de compensação, uma verba para trabalho híbrido ou remoto, a maioria afirma ter um orçamento anual até 250 euros. Apenas 17 participantes revelaram ter mil euros ou mais para despesas relacionadas com o trabalho fora do escritório.
No tópico relacionado com os complementos salariais, o estudo mostra como as prioridades dos trabalhadores se alteraram face ao contexto de crise energética e de elevada inflação. Assim, embora os benefícios com despesas com Educação, Saúde e Tecnologia sejam agora os mais usados, os portugueses gostariam de ver na sua oferta de benefícios despesas relacionadas com combustível (37,1%), produtos de poupança e reforma (33,5%) e viagens (33%). (Fonte: Dinheiro vivo).