Mesmo com a pandemia de Covid-19 ainda longe de ser totalmente controlada e uma taxa de desemprego alta, os grandes bancos privados no país já começam a vivenciar um cenário mais próximo ao período pré-crise sanitária. Santander, Itaú e Bradesco, que detalhou nesta quarta-feira o resultado obtido no segundo trimestre (lucro de R$ 6,3 bilhões), mostraram que o período de abril a junho foi de recuperação.
Os balanços melhoraram com a redução do volume de dinheiro que cada banco vinha guardando para arcar com calotes de clientes e a inadimplência se manteve sob controle. Mas houve também crescimento na oferta de crédito e das receitas com serviços. Juntos Bradesco, Itaú e Santander lucraram R$ 17,93 bilhões entre março e junho, um crescimento de 68,2% em relação ao mesmo período de 2020.Continua após a publicidade“A partir de agora já vivenciamos a perspectiva de um cenário mais próximo ao do período pré-pandemia”, afirmou o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, observando ainda que o contexto permanece desafiador, porém mais tangível.
Lazari lembrou que o país viveu novos picos da pandemia no início deste ano, mas a vacinação vem avançando e o país deve colher os benefícios nos próximos meses. O Bradesco estima crescimento de 5,2% para o Produto Interno Bruto (PIB) este ano, e vê os riscos fiscais se reduzindo com a retomada da economia. Lazari também destacou que o emprego formal está em retomada.
O impacto negativo nos resultados do Bradesco, neste trimestre, veio da operação de seguros. Houve aumento de despesas por causa da Covid-19. O banco teve gastos de R$ 1,8 bilhão no período com sinistros e, desde o início da pandemia, os gastos chegaram a R$ 4,8 bilhões. O segmento de seguros, que sempre representou entre 20% e 25% do lucro do banco, caiu para cerca de 10% neste trimestre. Mas, segundo Lazari, o pior já passou e as despesas com os casos de Covid-19 devem ser reduzidas no terceiro e quarto trimestres.
Entre os pontos positivos que contribuíram com o lucro do Bradesco, a tomada de crédito cresceu 10% na comparação anual, com destaque para o crédito imobiliário que cresceu 40% no período em relação a 2020 e do consignado, com alta de quase 20%. As receitas do banco já foram maiores que no período pré-pandemia: bateram em R$ 71 bilhões no primeiro semestre deste ano, um crescimento de 5,9% em relação ao primeiro semestre de 2019, quando ficaram em R$ 67 bilhões. As provisões para possíveis calotes caíram mais de 60% na comparação anual.
“A reversão de provisões para perdas é importante, mas não é tudo. Com a alta da Selic, as taxas de juros para o consumidor, vêm aumentando, melhorando os ganhos com clientes e na tesouraria com a alta da Selic. E também há a retomada da demanda por crédito com o avanço da vacinação”, analisa João Frota, analista da Senso Corretora.
No Itaú, o lucro teve crescimento de 120% na comparação anual e chegou a R$ 7,5 bilhões. Com a economia se recuperando da pandemia mais rápido do que previsto anteriormente, o banco elevou a estimativa de crescimento de sua carteira de crédito, de até 9,5% para até 11,5% em 2021. O crescimento ca carteira total de crédito no segundo trimestre foi de 12%, com destaque para crédito imobiliário que subiu 44,4% na comparação anual e a carteira de veículos subiu 32,3%.
“Os indicadores da atividade econômica mais resilientes encorajaram as pessoas na tomada de capital. Houve crescimento do crédito nas carteiras garantidas, especialmente imóveis, veículos e consignado”, disse o presidente do banco, Milton Maluhy, durante a apresentação de resultados do segundo trimestre. (Fonte: IG).