Especialista do setor aponta engenharia social, IA e outros problemas que podem gerar grandes prejuízos este ano. Os fraudadores não poupam esforços para desenvolverem novas técnicas no intuito de obter recursos financeiros das vítimas (Por Arnaldo Thomaz Neto*)
Para o setor bancário, é de suma importância trazer as tendências que devem nos preocupar – dessa forma, poderemos buscar as soluções e mitigar os problemas.
O setor é um dos pioneiros na busca por inovação quando a pauta em discussão é a cibersegurança. A tecnologia tornou o cenário de fraudes uma “loteria”, na qual não sabemos que tipo de golpe será usado.
O Panorama de Ameaças de 2023 na América Latina, publicado pela Kaspersky, aponta que os golpes financeiros no Brasil tiveram um crescimento de 32% no ano, com 1,8 milhões de tentativas de anomalias, tornando o país o líder no segmento na América Latina.
Tendências em fraudes bancárias digitais
Para enfrentar essas ameaças que crescem no setor financeiro, precisamos dar um passo atrás e entender quais são as principais fraudes que estão em alta no momento.
Assim, será possível trabalhar de forma preventiva. Listo algumas abaixo, acrescentando insights sobre o cenário dos crimes cibernéticos que atingem os bancos nos dias de hoje:
1. Uso malicioso da inteligência artificial (IA)
Essa é a minha maior aposta para 2024. Com a crescente adoção de IA, os cibercriminosos podem aprimorar suas técnicas e tornar as fraudes mais criativas, preparando ataques nos sistemas de detecção e gerar falsos positivos.
As instituições bancárias devem investir em soluções cada vez mais avançadas de detecção de fraudes para acompanhar essa sofisticação dos criminosos.
2. Engenharia social
Continua sendo a principal e mais poderosa ferramenta nas mãos dos fraudadores. O estudo “Tendências de fraude bancária digital em 2023 na América Latina”, desenvolvido por nós, apontou que 33% dos casos estão relacionados a ataques de engenharia social, com aumentos principalmente no México, Brasil, Chile e Argentina. A educação do cliente e a implementação de autenticação multifatorial são cruciais para mitigar esse tipo de problema;
3. Contas laranja
Não há fraudes sem elas. Através deste método fraudulento, os criminosos manipulam origem ou o destino de fundos, dificultando a identificação e o rastreamento de transações pelos órgãos reguladores e autoridades de combate à lavagem de dinheiro.
4. Falsificação por biometria facial
A falsificação de identidade continua a ser uma ameaça crescente, com técnicas cada vez mais sofisticadas sendo desenvolvidas pelos criminosos. A implementação de outras tecnologias biométricas e a verificação robusta de identidade são cruciais para reduzir esse tipo de fraude.
5. Pix
No Brasil, os bancos relatam que 70% dos golpes são provenientes de transações por Pix. Esse meio de pagamento é usado por 122 milhões de pessoas e 10 milhões de empresas – segundo dados do nosso estudo. Se não bem cuidado, os números podem dobrar, então é preciso estar atento a golpes envolvendo este meio de pagamento.
O papel das IFs para mitigar futuras anomalias
É fundamental que as instituições financeiras busquem estratégias para esses problemas, de forma a tornar possível a identificação de acessos suspeitos quando um criminoso roubar o dispositivo ou a conta de um cliente.
Um exemplo de solução no mercado é o uso da inteligência com biometria comportamental, uma ferramenta responsável na proteção de dados sensíveis dos clientes, capaz de detectar comportamentos incomuns do titular da conta, como o movimento do toque na digitalização, o tempo que ele utiliza para logar, entre outras variáveis.
Os fraudadores não poupam esforços para desenvolverem novas técnicas no intuito de obter recursos financeiros das vítimas, então é preciso um esforço das duas pontas: as instituições financeiras reforçando suas defesas contra possíveis fraudes, e os clientes colocando em prática as orientações e escolhendo os prestadores de serviço que melhor atendem seus desejos por segurança.
O caminho da segurança digital é árduo e longo, porém, com preparo e colaboração no setor bancário, conseguiremos dar o primeiro passo em direção a esse futuro que beneficiará a todos.
*Arnaldo Thomaz Neto é country manager da BioCatch no Brasil. Com aproximadamente 30 anos de carreira, acumula passagens por empresas como Bradesco, Itaú, Quest, IBM, Oracle, Riverbed Technology, NETSCOUT e Jumio. (Fonte: Exame)
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