Diante de uma evolução favorável nas perspectivas inflacionárias, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a Selic em 0,5 ponto percentual em agosto e indicou que essa deverá ser a velocidade de cruzeiro adiante. Com esse cenário em mãos, os profissionais do Santander reduziram a projeção para a Selic no fim do ano de 12% para 11,75%. “O BC ainda enxerga a necessidade de uma postura contracionista, dada a fase mais difícil do processo de desinflação (com elevada persistência, especialmente nos preços mais sensíveis ao ciclo econômico).”
Em revisão de cenário, o Santander avalia, porém, que, apesar da surpresa com a decisão do Copom nesta semana, “ainda acreditamos que o BC não terá espaço para ir muito além das projeções dos analistas neste ciclo, dada a reancoragem parcial das expectativas de inflação”. Além disso, os economistas apontam que a atividade real “está desacelerando de forma muito gradual, o que implica não haver razão para ‘comprar muito seguro’ contra uma desaceleração”.
Nesse sentido, o Santander contempla ainda, em seu cenário, uma Selic de dois dígitos no fim do próximo ano. O banco cortou a estimativa para o juro básico em 2024 de 10,5% para 10%. “Nossa projeção está acima do consenso para 2024, mas reconhecemos que os riscos são enviesados para baixo, dada uma maior incerteza sobre o padrão de reação do BC.”
Com o apetite favorável a ativos de risco no exterior e uma melhora na percepção do mercado sobre o panorama fiscal brasileiro, diante de avanço em algumas reformas econômicas no Congresso Nacional, o câmbio doméstico passou a operar em níveis mais valorizados. No entanto, na avaliação dos economistas do Santander, o real deve sofrer alguma depreciação até o fim do ano diante de um ambiente externo mais desafiador e de desafios na condução da política fiscal.
O banco cortou sua projeção para o dólar no fim do ano de R$ 5,40 para R$ 5,20 e também passou a ver um caminho mais favorável para o câmbio nos próximos anos. A projeção do Santander para o dólar no fim de 2024 caiu de R$ 5,50 para R$ 5,35 e a expectativa para a moeda americana no fim de 2025 passou de R$ 5,55 para R$ 5,40.
“O real tem sido favorecido por uma combinação de apetite favorável ao risco no exterior e uma melhora na percepção dos mercados acerca do panorama fiscal – este último na esteira do avanço de algumas reformas econômicas no Congresso. Esses fatores fizeram a taxa de câmbio girar em patamares mais valorizados do que havíamos antecipado”, dizem os profissionais do Santander.
“Apesar de reconhecer que este ambiente construtivo para o real – e para moedas da América Latina em geral – deverá prevalecer no curto prazo, ainda avaliamos que as perspectivas de reversão nos fatores internacionais e desafios na execução do novo arcabouço fiscal deverão pesar sobre a taxa de câmbio à frente”, enfatizam. (Fonte: Valor investe).