O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quarta-feira, 27, os juros nas operações de crédito consignado – modalidade com desconto automático na folha de pagamento ou no benefício do INSS. Em transmissão ao vivo nas redes sociais, o petista afirmou que vai conversar sobre o tema com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e com os presidentes dos bancos.
A declaração vem três meses após atritos nos bastidores do governo justamente em torno do teto de juros dessa modalidade de crédito para aposentados e pensionistas do INSS. Sem consulta prévia à equipe econômica, o ministro da Previdência, Carlos Lupi, que chefia o Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), deu aval em março para cortar o limite de juros sobre o consignado do INSS de 2,14% ao mês para 1,70% ao mês.
À época, a medida gerou revolta no Palácio do Planalto pelo desalinhamento com Haddad. Além disso, os bancos começaram a suspender a concessão de crédito consignado, inclusive Caixa e Banco do Brasil. Em um meio-termo entre Haddad e Lupi, o CNPS acabou por fixar o teto de juros em 1,97%, índice que ainda é considerado alto pelo presidente.
“O [juro do] crédito consignado, que é dado pra pessoa que tem emprego garantido, que é descontado no salário e, portanto, não tem como perder, é de 1,97% (ao mês). Com juros sobre juros, dá quase 30% ao ano. Como o cara do crédito consignado vai pagar 30% ao ano e eu estou emprestando dinheiro para os grandes [no Plano Safra] a 10% ao ano?”, questionou Lula na transmissão ao vivo nas redes sociais.
O petista deixou claro, no entanto, que também vê os juros do Plano Safra como altos. “Mas isso aqui [juro do consignado] é triplamente caro. Então, vou conversar com o Haddad e os presidentes dos bancos, para saber como a gente está levando o povo pobre nisso. A gente está dando a folha de pagamento como garantia e ainda paga mais caro do que paga o empresário pelo empréstimo?”, disparou Lula. (Fonte: Estadão).