O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse na quinta-feira 19 que a redução e o corte de impostos, em especial sobre combustíveis e energia elétrica, que ocorreram ao longo do ano passado foram determinantes para a deflação dos últimos meses.
“A inflação estaria em 9%, e não em 5,8%, se não fosse essa redução de impostos”, respondeu, em palestra na Universidade da Califórnia, em Los Angeles.
Em junho do ano passado, o então presidente Jair Bolsonaro sancionou o projeto limitando a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de combustíveis, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo. O texto limitou a cobrança dos impostos sobre produtos e serviços essenciais à alíquota mínima de cada Estado, que varia entre 17% e 18%.
O presidente do BC lembrou que mesmo as autoridades monetárias de países desenvolvidos estão subindo mais os juros, para conter o movimento inflacionário global.
“Entendemos que nossa taxa de juros está alta”, admitiu Campos Neto. “Mas não manejamos curva futura, só meta a Selic. Não ajudaria em nada cortar juro de curto prazo, porque os investimentos usam taxas de longo prazo”, completou.
Na quarta-feira 18, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, criticou a manutenção da taxa de juros nos níveis atuais, enquanto a inflação já está rodando abaixo de 6%.
“Qual é a explicação de a gente ter um juro de 13,5%? O BC é independente, a gente poderia até não ter juro, não é verdade? A inflação está em 6,5%, 7,5%. Por que os juros estão em 13,5%?”, indagou, em entrevista à GloboNews. Atualmente, a Selic se encontra em 13,75% ao ano. (Fonte: Revista Oeste).